Dia 5 - COB

Ontem foi primeiro dia que eu e o Germano não precisamos trabalhar no site até a meia-noite e ficamos bastante contentes porque conseguimos organizar melhor as coisas para poder dormir mais cedo. Essa rotina de atividades o dia inteiro e preparar o site à noite estavam nos matando.
Pela manhã a equipe se dividiu, André e Clara foram para o Abismo Anhumas e eu e o Germano fomos fazer mergulho autônomo no rio Formoso e até por isso podemos dormir mais uma hora. O que nos deixou mais contentes ainda.
Antes de irmos ao rio fomos a Dive Bonito para encontrar o pessoal que iria nos acompanhar e guiar no mergulho. Lá chegando tivemos uma ótima recepção por parte do Nascimento e do Allan.
Ficamos sabendo que iríamos mergulhar em dois pontos diferentes do rio, com uma profundidade de mais ou menos 6 metros, contra a correnteza e com a possibilidade de passarmos embaixo da cachoeira. Só isso já nos deixou eufóricos e começamos a nos equipar para a primeira descida.
Confesso que no primeiro momento fiquei um pouco nervoso e comentei com o Germano debaixo d’água e ele me sinalizou para me acalmar. A partir disso fui relaxando e comecei a curtir aquele lugar totalmente novo.
Formamos as duplas e seguimos pelo caminho até a cachoeira, em alguns pontos a força da correnteza era mais forte e foi necessária uma força a mais nas nadadeiras. Lá embaixo toda a nossa percepção muda, a audição e a visão ficam alteradas. A paisagem formada por trocos e pedras é fantástica e a companhia dos peixes e caranguejos é um complemento maravilhoso para esse cenário.
Mas o melhor ainda estava por vir, quando chegamos embaixo da cachoeira fui surpreendido com um das visões mais magníficas que eu já tive, milhares de bolhas de ar formadas pela força da queda d'água. Quando percebi estava totalmente cercado por elas e não enxergava absolutamente nada, a não ser as bolhas, era como se estivesse noutro planeta. Em realidade eu jamais poderia imaginar um lugar como aquele, a sensação é de ser “o escolhido” para aproveitar essa experiência inovadora. Talvez eu deva dizer que foi como um batismo, ou que eu tenha sido ungido, para nunca mais parar de mergulhar.
É tão difícil descrever o que se passou que só posso agradecer ao Nascimento, ao Allan e ao Germano por estarem lá comigo.
Depois desse privilégio, eu pensei que o meu dia já estava “ganho”, mas depois fomos para o Parque Ecológico Baía Bonita (Aquário Natural) para uma flutuação e um passeio pelo zoológico ecológico com animais da região. No início seguimos por uma trilha na mata até a nascente do rio Baía Bonita e ali eu fui entender porque o lugar é chamado de aquário. A transparência da água é inexplicável e podemos observar as mais variadas espécies de peixes: Piraputangas, Dourados, Curimbatás e outros transitam tranqüilamente entre nós.
Ontem estava programado a ida ao Projeto Jibóia para conhecer um pouco mais sobre os hábitos e características dessa espécie de serpente. Porém tivemos que transferir, pela segunda vez, para hoje a noite devido ao jantar com o Dr. Adílio para organizarmos a visita ao Parque Nacional da Serra da Bodoquena.
Acordamos as 05:15 da manhã e fomos encontrar o Dr. Adílio e também um outro funcionário do IBAMA, o Fernando, as 06:00 na sede do instituto para partirmos em direção ao parque. Dividimos o povo em dois veículos. Clara, André e Fernando foram no Seival; eu, Germano e o Dr. Adílio fomos na caminhonete do IBAMA.
Já perto da fazenda Remanso fomos surpreendidos por uma cena inusitada. Alguns peões estavam para transferir o gado de um pasto para o outro. Enquanto nos aproximávamos podíamos ouvir o gado Nelore mugir como se fosse um lamento ou um chamado para que prestássemos a atenção naquela manobra. Então as cancelas foram abertas e o gado começou a ser conduzido para o outro lado, foi muito interessante visualizar aquele gado ser guiado ao outro pasto de maneira muito rápida. A sensação era de uma falta de liberdade e um descaso com os instintos básicos de um povo.
Após registrar o evento seguimos em direção a fazenda desejada para visitação combinada e começamos a subir a serra até quase o topo.
A Serra da Bodoquena compreende os municípios de Bodoquena, Bonito, Jardim e Porto Murtinho; divide-se em dois fragmentos, o norte e os sul separados por um trecho de 4 Km.e possui 4 biomas identificados: cerrado, mata atlântica, pantanal e caatinga. Se desenvolve sobre rochas e por isso possui um relevo cárstico.
Ao chegarmos em um lote da fazenda deixamos o carro e começamos a subir a pé a trilha que levava ao ponto mais alto daquele trecho. Essa caminhadinha foi bastante cansativa, mas quando estávamos lá em cima a mente transcendeu o que estava acontecendo. O grupo praticamente se dispersou e eu fui olhar de perto uma paineira barriguda que me emocionou muito. O seu caule mais avantajado faz parecer uma mulher grávida e isso remeteu o meu pensamento para Porto Alegre.
Sentei-me ao pé da paineira e na sombra refleti sobre o que tem me acontecido nos últimos meses e fiz uma oração de agradecimento enquanto procurava sentir a força da árvore e da mata ao redor.
Depois de curtir aquele momento de reflexão o grupo se reuniu novamente para a descida até o rio Salobra e um banho revigorante. O calor forte exigia um banho de rio e então nos atiramos na água para nos refrescar.
O rio Salobra possui uma água límpida e de uma cor esverdeada como eu nunca vi antes, era uma tonalidade quase como a cor ciano, linda de se ver, ou com diria o Dr. Adílio: “uma cor que é de encabular”.
Em seguida o Dr. Adílio quis nos levar à Boca da Onça, que é a cachoeira mais alta do estado com 156 metros de altura. Quando chegamos na fazenda fomos muito bem recebidos pelo receptivo. Fomos levados à plataforma de rapel para que se pudesse registrar o Vale do rio Salobra que é o limite entre o parque e a fazenda onde está a Boca da Onça.
Quando descemos para assistir o espetáculo da cachoeira de perto, percebi o quanto ela era imponente e grande. Qualquer um que chegasse naquele momento ficaria estático só observando tal a grandiosidade da protagonista do local,
E eu fiquei ali parado olhando a queda d’água e me senti recompensado por poder olhar algo tão divino. E ao mesmo tempo querendo captar a energia liberada no ar pela cachoeira. Só faltava tomar um banho na piscina natural em frente à Boca da Onça, até que observei o André e o Germano indo tomar o tal banho, e aí não agüentei e me joguei na água também.
Foi a melhor coisa que eu fiz, mergulhar para baixo daquela enorme cachoeira foi fantástico e ao mesmo tempo libertador. Senti as tensões todas me abandonarem e um contato maravilhoso com Deus foi criado.
Assim que o Dr. Adílio nos convidou a ir embora, viemos para Bonito, pois ainda tínhamos um encontro com o Projeto Jibóia para entrar em contato com a serpente e obviamente tirar algumas fotos. E esse foi um os três grandes momentos do dia.
Após a explicação do projeto por parte do Henrique, tivemos a oportunidade de tocar no animal e realizar as fotos com ele no pescoço. Confesso que perdi um preconceito com as serpentes quando coloquei a Jibóia nos ombros e perceber que a sua pele é bastante macia e limpa.
O segundo momento foi quando estive ao pé da Paineira Barriguda e pensei muito no meu futuro e senti uma enorme paz e tranqüilidade.
E por fim a visão da Boca da Onça foi o ápice do dia, em frente a cachoeira tive um contato transcendental e sentia muito forte a presença de Deus.
Acho que esses três momentos do dia revelam tudo o que o IBAMA deseja e inclusive está no seu logotipo. As serpentes representam a fauna, assim como a Paineira representa a flora e a cachoeira os minerais. No final tudo isso significa que podemos viver muito bem com um cuidado especial com o nosso mundo e que isso nos levará a algo maior.

Por Diego Beck








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